Educação

Lance Notícias | 24/07/2020 08:54

24/07/2020 08:54

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De vendedor de pastéis a doutor em Engenharia de Petróleo: conheça a história do professor Daniel

Daniel Ecco é natural de Marema, mas viveu a infância em Xaxim. Filho de agricultores, desde criança soube que o seu destino seria voltado aos números. Ainda menino saiu de Xaxim e foi para um seminário. Lá, fez o ensino médio até que resolveu sair e fazer o curso superior. Criterioso, buscou uma boa Universidade […]

De vendedor de pastéis a doutor em Engenharia de Petróleo: conheça a história do professor Daniel

Daniel Ecco é natural de Marema, mas viveu a infância em Xaxim. Filho de agricultores, desde criança soube que o seu destino seria voltado aos números.

Ainda menino saiu de Xaxim e foi para um seminário. Lá, fez o ensino médio até que resolveu sair e fazer o curso superior. Criterioso, buscou uma boa Universidade Federal no país para ir em busca do seu sonho.

– Eu estudava em Xaxim e então conheci o seminário, com 13 anos fui para lá por quatro anos e no final do ensino médio sai e fui fazer a faculdade. Quase virei padre. Mas, independente se fosse padre ou não sempre quis fazer algo voltado a matemática. Fiz o vestibular em Natal (RN). Fui para lá com um amigo meu, comecei a trabalhar como vendedor de sapatos. Não tinha condições de pagar uma faculdade, por isso também que fui para tão longe no Rio Grande do Norte – conta.

Ficou no Nordeste do país por cerca de 14 anos. Concluiu a graduação, fez mestrado e doutorado.

– Fiquei 14 anos em Natal. Toda a minha vida acadêmica foi na UFRN. Logo no segundo semestre consegui uma bolsa e logo comecei a dar aulas de matemática, reforço, era uma forma de conseguir uma renda extra. Hoje sou graduado em matemática, na sequência fiz mestrado e doutorado em engenharia do petróleo – detalha.

 

 

A volta para casa

Após tanto tempo no outro extremo do Brasil, com amigos e vida estabilizada lá, a mudança não foi uma decisão fácil, tão pouco, simples.

– Quando resolvi voltar é uma história muito curiosa. Desde 2009 eu vinha tentando entrar no Instituto Federal, que tem em todos os estados. Somente no quarto concurso que fiz, eu passei. Mas, passei no concurso para o Estado do Rio Grande do Norte, onde morava.Fiquei em oitavo lugar e comecei a trabalhar no Instituto a 200km de Natal. Eu ia na segunda, voltava na quinta. Era uma loucura. Passei três anos lá com essa rotina. Então vem a parte mais curiosa, para eu vir para cá, alguém precisa ir para lá, e precisa ser da mesma área: matemática! A probabilidade é quase zero, mas existe, quase zero é diferente de zero. Uma amiga minha fez matemática comigo em Natal, ela passou para trabalhar no Instituto Federal aqui de Santa Catarina, em Luzerna. Nós conversamos, ela queria muito voltar para lá e eu pensava nos meus pais que estavam aqui. Resolvi aproveitar essa chance. A mudança ocorreu em 2017. Já estava bem mais perto de casa – relembra.

Com a vinda para Luzerna, estava a poucas horas de casa. Mas, ele ainda queria mais.

– Eu sou de Xaxim e queria vir mais perto, mas também precisava encontrar outro professor, da mesma área que quisesse fazer a troca. E, um professor aqui de Xanxerê tem família em Jaborá, perto de Luzerna, e fez a troca comigo. Agora é Xanxerê “forever”. Quero ficar aqui para sempre. Desde 2018 que estou aqui – enfatiza.

 

 

A influência

Daniel detalha que sempre quis atuar na área da matemática. Soube desde criança que o seu futuro seria a educação e o ensino. Ele atribui à educação que recebeu dos pais o seu destino.

– Antes de eu ir para o seminário eu sempre fui muito ativo. Meus pais sempre foram muito trabalhadores, na época meu pai era pedreiro e eu ia junto ajudar. Era uma brincadeira também. Com dez, doze anos, eu queria ter um dinheiro para comprar meus brinquedos, então, comecei a vender pastel que a minha mãe fazia. Saia de casa com a caixinha de isopor para vender, lembro até hoje do valor do videogame que consegui comprar. Eu me sinto um privilegiado porque desde sempre eu fui tendo uma educação financeira com meus pais. Acredito que desde cedo temos que falar com as crianças sobre finanças, para que elas valorizem os esforços dos pais e no futuro façam as escolhas corretas assim que entrarem no mercado de trabalho. A educação financeira que tive com meus pais influenciou para que eu fosse para essa área da matemática, mas , ainda no seminário eu ajudava os amigos que tinham dificuldade e fui pegando o gosto por ensinar. Nunca tive outras opções em minha mente – finaliza.

 

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