Salários atrasados e más condições do local de trabalho, estes são os motivos que levaram os motoristas da Auto Viação Xanxerê a entrarem em paralisação nesta quinta-feira (15), em Xanxerê.

Em contato com os funcionários da empresa, eles esclarecem que às más condições de trabalho referem-se à situação do Terminal Urbano. Entenda:

– Não é fácil chegar para trabalhar e ter de limpar vômito, fezes, pedir licença todos os dias para abrir a porta da guarita do terminal, e antes de começar o trabalho ter de limpar. Nesses dias de calor então, o cheiro fica impregnado no local. Tem que ter estômago forte – diz uma funcionária que prefere não se identificar.

O que ocorre é que o Terminar Urbano, que fica junto à Rodoviária Municipal, serve de dormitório para moradores de rua, que se abrigam no local, e acabam causando vários transtornos.

– Os funcionários não estão mais querendo ficar, tanto pela falta de higiene, como pela falta de segurança. Para higienizar lá, levamos água em tambores da garagem dentro do ônibus, porque desde que foi instalado ali o terminal, nunca disponibilizaram um ponto de água – comenta ainda.

Ela diz que o contato com a Prefeitura solicitando as melhorias é antigo, mas que nunca obtiveram uma reposta ou um resultado efetivo de apoio para a questão.

– Tem ofícios protocolados pedindo solução do problema do terminal, mas nunca uma resposta. Foi para a Assistência Social, para a Polícia Militar, para a Promotoria. Ocorrem muitas brigas ali, além das cenas de sexo explícito de manhã, os primeiros motoristas veem cada coisa. Não tem como continuar dessa forma – conta.

Além de tudo isso, por causa da proibição das atividades em função da pandemia da Covid-19, a empresa passa por dificuldades financeiras, mais um motivo a somar na desistência dos funcionários.

– Hoje está havendo paralisação e não tem transporte. Em partes por esse motivo do local, e também pela pandemia, os salários não estão em dia. Ficamos parados desde março, sem receita, e agora voltou, mas está muito fraco o movimento – explica.

Em contato com o secretário de Assistência Social, Olci Leonardo, ele disse que o processo de orientação a essas pessoas moradoras de rua é feito, mas que o município não pode lhes tirar o direito de ir e vir.

– Essa é uma situação bem complicada de se resolver, primeiro porque todo cidadão tem o direito de ir e vir, então não podemos proibi-los de estar naquele local, o que temos feito por meio do Creas é a conscientização de que aquele não é um local apropriado para se estar. Eu irei acionar novamente o Creas para averiguar a situação, mas realmente proibi-los não conseguimos, é um local público e todo cidadão tem o direito de frequentar – explica.

Quanto a situação dos salários em atraso, à empresa fez uma solicitação de auxílio financeiro junto à Prefeitura Municipal, que em contato com o Lance Notícias, informou que aguarda a apresentação da documentação.

– A empresa fez protocolo de solicitação de auxílio financeiro. O município solicitou então os documentos e assim que eles entregarem a documentação o município irá se manifestar – disse a assessoria da Prefeitura Municipal.