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Lance Notícias | 20/11/2020 13:26

20/11/2020 13:26

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Dia da Consciência Negra: Servidor público federal conta situações que precisou enfrentar para vencer o racismo

O dia 20 de novembro é comemorado o dia da “Consciência Negra”. A data reúne várias ações no combate ao racismo e reascente o debate sobre a chegada dos negros no Brasil, a escravidão no país e o racismo atual que a sociedade ainda presencia em pleno ano de 2020. Por isso que mesmo no […]

Dia da Consciência Negra: Servidor público federal conta situações que precisou enfrentar para vencer o racismo Foto: Arquivo Pessoal

O dia 20 de novembro é comemorado o dia da “Consciência Negra”. A data reúne várias ações no combate ao racismo e reascente o debate sobre a chegada dos negros no Brasil, a escravidão no país e o racismo atual que a sociedade ainda presencia em pleno ano de 2020.

Por isso que mesmo no século XXI, o racismo continua sendo discutido entre a sociedade e muitas pessoas ainda sofrem este tipo de preconceito.

Moisés Carlos Bahiense Bernardino tem 28 anos. É natural de Florianópolis e a um ano e meio mora em Xanxerê. É servidor público federal do Instituto Federal de Santa Catarina. Trabalha como técnico administrativo em educação, assistente de aluno. Ele reelembra, com tristeza, tudo que teve enfrentar ao longo da vida.

– Já apanhei da polícia sem ter feito absolutamente nada. Já fui seguido por segurança de shopping por desconfiar que eu ia roubar. Já me falaram que eu sou muito legal, mas que jamais ficariam comigo porque eu sou negro. Já fui preterido em entrevista de emprego mesmo tendo bem mais experiência que o outro candidato branco, enfim, são muitas lembranças que não consigo esquecer até hoje – disse Moisés.

Todas essas situações aconteceram ao longo da vida de Moisés. Logo, que chegou em Xanxerê, mais situações parecidas voltaram a acontecer.

– Eu cheguei num lugar aqui na cidade com uma colega do IFSC e perguntaram se eu era o segurança do IFSC porque um homem negro não poderia ser um servidor federal. Também fui num grupo de jovens de uma igreja e o líder falou: “Aqui você é bem-vindo e não tem problema nenhum você ser negro”. Teve ainda também uma situação que falaram que eu não era negro e que minha cor era “normal” conclui.

Moisés ainda diz que a sociedade é muito racista e que isso precisa ser mudado urgente. O preconceito está dentro da pessoa, e que não é mais admissível aceitar que em pleno ano de 2020 ainda aconteça isso no país.

– Eu sinto que infelizmente a nossa sociedade ainda precisa superar muita carga histórica e racista. O racismo é estrutural na nossa sociedade e as pessoas, as vezes, nem se dão conta que estão sendo racistas. As pessoas terem nojo de pessoas negras, tratarem mal, isso é considerado racismo também – disse.

Para finalizar, ele ainda comenta a importância de lembrar que existe um dia específico que foi criado para tentar diminuir um pouco o preconceito.

– Acho que é uma data importante. Dia 20 de novembro é a data de morte de Zumbi dos Palmares, símbolo da luta e resistência dos negros escravizados no Brasil, bem como da luta por direitos que os negros reivindicam. E também toda a luta do movimento negro no Brasil em que já há muito tempo enfrenta o racismo e traz avanços nessa pauta, porém todos os dias são importantes para combater o racismo, para falar sobre políticas públicas para a população negra, como a política de cotas que é um avanço para incluir o negro em todos os espaços a lei garante o acesso a um direito. Também falar da lei que inclui no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”. (LEI No 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003.) – finaliza.

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