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Lance Notícias | 27/06/2020 08:22

27/06/2020 08:22

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Maior raio do mundo passou por Xanxerê, diz pesquisadora

Um raio com 709 quilômetros em uma linha horizontal que atingiu o Sul do Brasil, em 31 de outubro de 2018, bateu o recorde oficial de mais extenso registrado no mundo anunciado nesta sexta-feira (26) pela Organização Meteorológica Mundial (OMM). O fenômeno em questão atingiu a divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina às […]

Maior raio do mundo passou por Xanxerê, diz pesquisadora Imagem de satélite mostra o maior raio do mundo, em extensão: ele cortou o Sul do Brasil em outubro de 2018, percorrendo uma distância de 709 km — Foto: OMM/ Divulgação

Um raio com 709 quilômetros em uma linha horizontal que atingiu o Sul do Brasil, em 31 de outubro de 2018, bateu o recorde oficial de mais extenso registrado no mundo anunciado nesta sexta-feira (26) pela Organização Meteorológica Mundial (OMM). O fenômeno em questão atingiu a divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina às 8h05 e iluminou o céu por 11.360 segundos. No estado catarinense, ramos passaram por dezenas de cidades do Oeste, Serra e Sul.

– As cidades que o raio se espalhou vão desde São Miguel do Oeste, passando por Pinhalzinho, Xanxerê, Chapecó, Concórdia e Campos Novos. No extremo Sul do estado, o raio também se ramificou por Lages, São Joaquim, Bom Jardim da Serra, Criciúma, Sombrio e Passo de Torres – afirma a professora e pesquisadora Rachel Albrecht do Departamento de Ciências Atmosféricas do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP), que participou do comitê avaliador da OMM deste fenômeno extremo.

O raio cruzou a divisa do Norte do Rio Grande do Sul com a Argentina, percorrendo o Rio Grande do Sul e Santa Catarina e adentrando no Oceano Atlântico. Não é pouca coisa, já que a maioria dos relâmpagos tem somente algumas dezenas de quilômetros.

A distância percorrida pelo raio é mais que a distância entre as capitais São Paulo e Florianópolis. O percurso é mais que o dobro do recorde anterior, registrado em Oklahoma (EUA), com 321 km.

– A visibilidade do fenômeno foi dificultada porque ocorreu durante a manhã. Mas, os moradores podem ter visto sim – disse a professora.

O novo recorde foi estabelecido devido a uma nova tecnologia de imagens. A pesquisadora explica que o mapeamento de raios foi feito por satélite, com um sensor que detecta fontes de descargas elétricas a cada 2 milissegundos e que são agrupadas para mapear o fenômeno.

– Assim nós conseguimos reconstruir todo o caminho percorrido pelo raio, demora vários segundos e viaja centenas de quilômetros – disse.

Também é provável que essa mudança recente de recorde também não seja a última, já que toda a região Norte da Argentina, Rio Grande do Sul e Santa Catarina apresentam esses raios extremos, chamados de “megaflashes”.

– Essas regiões estão propensas à formação de tempestades severas com enorme extensão horizontal (várias centenas quilômetros), o que contribuiu para que esses recordes de distância e de tempo fossem registrados nestes locais. Nessas condições, uma única descarga elétrica viaja por muito tempo e por longas distâncias dentro das nuvens – explica.

O título de maior clarão da história foi comemorado entre os pesquisadores.

– Este recorde nos traz informações valiosas para o estabelecimento de limites das escalas de tempo e área de influência dos raios, que são importantes para as questões de engenharia, segurança pública e científicas, como por exemplo, as mudanças climáticas – afirma.

Ainda de acordo com a pesquisadora, existem estudos que afirmam que há uma relação entre o aumento da temperatura média global e o aumento da frequência de raios, principalmente nos extremos.

– A identificação e monitoramento destes extremos são essenciais. Na engenharia, as proteções contra descargas elétricas são projetadas para descargas de 1 a 3 segundos, não se fazia ideia de que um raio pudesse durar mais de uma dezena de segundo. Na segurança pública, todos os anos temos dezenas de mortes por quedas de raios – disse Rachel entrevista ao G1/SC.

Além disso, ela reforça os cuidados que precisamos ter diante da incidência dos fenômenos.

– Esses recordes mostram que os raios podem percorrer distâncias extremamente grandes e as pessoas devem sempre procurar abrigo quando veem uma tempestade se aproximando ou escutam um trovão – conclui.

 

 

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