Famílias inteiras viviam do trabalho intenso nas serrarias
Houve um período em que Xanxerê se media pelo volume de madeira extraída, e não por PIB ou produção agrícola. O trabalho nas serrarias, o cheiro da araucária recém-cortada e a fumaça das fornalhas definiam o ritmo da cidade. Para muitas famílias, a madeira era a principal fonte de renda e símbolo de sobrevivência.
Na época, moradores chegavam com pouca bagagem, mas grandes machados. Os dias eram longos e o trabalho intenso: serrar árvores exigia dedicação, paciência e esforço físico constante. O barulho das serras circulares era a trilha sonora do cotidiano, e as conversas nos bares frequentemente giravam em torno de preços de toras e negociações nas madeireiras.
Com o tempo, o ciclo da madeira chegou ao fim. As florestas se esgotaram, as serrarias deram lugar a fábricas e o ronco de caminhões passou a definir o ritmo da cidade. Embora alguns vejam a mudança como necessária para o progresso, outros lamentam a perda de um modo de viver que marcou gerações.
Mesmo assim, Xanxerê mantém sua essência: uma cidade de pessoas que transformam recursos em história, seja na madeira, no milho ou no ferro. E, para quem escuta com atenção em uma manhã fria, ainda é possível imaginar o distante som obstinado das serras que moldaram a cidade.