Iniciamos o mês de Setembro e com ele o sinal amarelo para nos fazer pensar e cuidar da vida mais importante: a nossa.
Setembro é o mês da prevenção do Suicídio.
Talvez ao acaso (ou não), setembro é o mês em que os ipês estão floridos. Quem não reparou nos ipês floridos agora? Em especial os amarelos que representam a cor da nossa luta contra o suicídio.
E é justamente sobre ipês e sobre suicídio que escrevo hoje, pois os dois tem muito em comum, sabia?
Ipês amarelos contrariam a natureza. As flores do ipê desabrocham em dias secos e cinzentos de inverno e é assim, antes mesmo do surgimento da nova folhagem, que elas anunciam a proximidade da primavera.
De certa forma, para florir os ipês precisam passar por uma experiência de quase morte. Calma, vou explicar.
Os ipês, no momento de maior sofrimento do ano, o inverno, eles perdem completamente as folhas. Trata-se do sinal de que estão estressadíssimos e prestes a florescer. Ou seja: é da experiência de quase morte frente às severidades do clima que vem a beleza dos ipês. A planta entende o estresse como sinal de que seu fim pode ser iminente e, como resposta, busca produzir o máximo de sementes para deixar descendentes.
Ok, mas o que isso tem a ver com o suicídio?
Tudo, afinal nos ensina que grandes mudanças são motivadas por crises, assim como grandes florações são motivadas por invernos rigorosos.
Então, crises e invernos fazem parte da vida!
A ideia ou o pensamento suicida, geralmente, aparece em meio a alguma crise que enfrentamos. É na luta para acabar com a dor que surge a possibilidade de acabar com a vida. Como diria Cortella “o suicídio é uma solução definitiva para algo passageiro.”
Assim como ipês, enfrentamos nossas dores e momentos de maior dificuldade. Assim como o inverno, essas fases passam. Com toda certeza, fases difíceis passam.
Temos a opção de superar e florir depois da crise se nos permitirmos lutar e enfrentar. Uma crise depressiva, uma crise na vida ou até mesmo uma crise existencial são momentos extremamente difíceis e desafiadores, porém, necessários para o nosso crescimento e desenvolvimento.
Gosto de ver a ideação suicida como um pedido de socorro, de nós para nós mesmos. Seremos os primeiros a ouvir e devemos nos observar, ver o que está errado e mudar.
É fácil? Não, muito pelo contrário! É por isso que existem profissionais preparados para lidar e auxiliar nesses momentos.
Temos que aprender a buscar ajuda e a nos olharmos com mais zelo e cuidado. Temos que aceitar que adversidades fazem parte da vida e principalmente, temos que ouvir o nosso pedido de socorro quando tudo está difícil e parece sem saída.
A floração vem depois – e ela vem, acredite.
Fabiane Padova – Psicóloga Clínica
CRP 12/16382
(49) 9 9999-9339