No último domingo, dia 31, foi comemorado o dia internacional do comissário de voo. Não sei se vocês sabem, mas estou na profissão de comissária de bordo há 8 anos.
Após fazer dois contratos em navio de cruzeiros, fiz um intercâmbio na cidade de
Dublin, na Irlanda, e quando voltei para o Brasil resolvi morar em São Paulo, aonde fiz o curso para comissária de bordo. Depois do término do curso, fiz a seleção na Avianca e lá trabalhei por 7 anos. Após o fechamento da companhia Avianca Brasil, prestei uma nova seleção, muito desafiadora, para a Latam Airlines. Havia em torno de 1300 candidatos para ocupar em torno de 175 vagas. Passei por várias fases, e consegui ser aprovada em todas etapas, resgatei minhas asas, e hoje trabalho como aeromoça na Latam Airlines, a maior empresa da América Latina.
Venho em especial falar com vocês, sobre qual é a função de um comissário de bordo, dentro de uma aeronave. Vocês sabem? Muita gente acha que estamos ali só para servir o lanche e o cafezinho. Mas não é bemmmm assim que funciona. Isso é um “plus” que a companhia aérea oferece e não é obrigação em fazê-lo. Antes de entrar para a profissão, passamos por rigorosos treinamentos de sobrevivência, na selva e mar. Necessitamos estudar sobre a estrutura da aeronave, emergência, meteorologia (e as nuvens cumulonimbos 😲), primeiros socorros, aprendemos como lidar com os passageiros indisciplinados, estudamos sobre as leis do aeronauta e muito mais. O nosso papel é trabalhar com a segurança, é salvar o maior número possível de pessoas no menor tempo, no caso, em 90 segundos!
Além de sermos agentes de segurança, somos “enfermeiros, psicólogos, mãe, amigo de um desconhecido” e muito mais. Precisamos estar prontos para desenvolver as rotinas a bordo. Pode ocorrer de um passageiro passar mal e temos que estar aptos para prestar os primeiros socorros.
É de vital importância ter uma comunicação clara e precisa com os tripulantes técnicos (pilotos). Sendo primordial ficarmos atentos aos passageiros que embarcam, aos menores desacompanhados, prestando atenção em qualquer anormalidade da aeronave, estando atentos às portas, fornos, toaletes, e ao comportamento das pessoas. Ou seja, carregamos grandes responsabilidades, por isso, precisamos passar por constantes treinamentos, saber aonde estão todos os equipamentos de emergência da aeronave,
como: extintores, oxigênio, kit medico, lanternas, e etc. Quando chegamos na aeronave,” devemos fazer um check de todos os equipamentos, verificando a validade dos itens, integridade e a localização.
Muitos acham que fazemos apenas um voo por dia, o que é difícil de acontecer. Podemos fazer até 5 voos em um único dia. Não possuímos horários efetivos, muitas vezes, nossa apresentação é de madrugada, ás vezes durante a tarde ou à noite. Também não temos um itinerário fixo. Vivemos a base de uma escala, a qual é publicada no final de cada mês. Assim, sabemos quais serão os voos e locais que iremos trabalhar no mês seguinte.
Nossa rotina é não ter rotina. É dormir no sul e acordar no nordeste. É morar no “mundo” e passar de vez em quando em casa. É poder conhecer diversos lugares, culturas e pessoas. É poder trabalhar com colegas diferentes a cada voo. É poder fazer amizades incríveis com pessoas que acabamos de conhecer. É ter a janela do avião como a “janela do escritório”. É poder admirar um lindo pôr do sol lá de cima, é poder observar as cordilheiras de um outro ângulo. É ter liberdade de ir e vir. Ser comissária do bordo é ter o avião como sua segunda casa, é ter a mala como seu guarda-roupa, e ter o céu como lar. O mundo é muito grande para ficar em um lugar só. Então: borá voar! Desejo a todos um céu de brigadeiro!(sabe o que essa expressão significa? Fica para uma próxima conversa 😉).