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Lance Notícias | 22/02/2021 18:46

22/02/2021 18:46

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Em meio a pandemia, mãe realiza sonho de ter parto domiciliar, em Xanxerê

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o índice razoável de cesáreas é de 15% dos nascimentos. No Brasil, 55,6% dos 2,9 milhões de partos realizados anualmente são cirúrgicos.  Na contra mão dessa realidade, a busca por partos naturais e humanizados também tem aumentado. Em Xanxerê, Ledileili Tubias Lopes, mãe de segunda viagem, realizou o […]

Em meio a pandemia, mãe realiza sonho de ter parto domiciliar, em Xanxerê

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o índice razoável de cesáreas é de 15% dos nascimentos. No Brasil, 55,6% dos 2,9 milhões de partos realizados anualmente são cirúrgicos.  Na contra mão dessa realidade, a busca por partos naturais e humanizados também tem aumentado.

Em Xanxerê, Ledileili Tubias Lopes, mãe de segunda viagem, realizou o parto dos sonhos. Ela queria um processo natural, sem intervenção cirúrgica ou de medicamentos e em sua casa: um parto domiciliar planejado.

Na primeira gestação ela já tinha esse sonho, há cinco anos com a chegada da Antônia, mas devido a posição da bebê não foi possível. Agora, na segunda gestação, do Pedro, tudo fluiu de forma natural para a realização do parto domiciliar planejado.

– Na gestação da Antônia eu tentei o parto domiciliar, mas devido a posição anatômica dela não foi possível o parto normal. Fomos para o hospital e realizamos uma cesárea. Passado um tempo, engravidei novamente, mas sempre com a ideia de um parto o mais natural possível. Eu queria um parto humanizado com profissionais qualificados e procurei pessoas que tivessem essa conduta como prioridade, que tivessem essa forma de conduzir o parto. Durante a gestação do Pedro pratiquei atividade física e não tive nenhuma restrição, então busquei me rodear de profissionais que tivessem confiança e tive a felicidade de encontrar a Joice Schmalfuss que junto com a Grasiela Cagol foram as enfermeiras obstétricas que me acompanharam na gestação, no parto e pós parto. Elas formam uma equipe que prima pelo parto natural que é muito melhor para mamãe e para o bebê, são qualificadas para esse momento da chegada de um novo ser, quando possível, quando não há risco. Eu tive uma gestação muito tranquila e isso me favoreceu. Era um desejo meu e com a situação da Covid tornou se uma opção mais segura. Sempre tive o apoio do meu marido e isso fez toda a diferença – conta Ledileili.

Ledi destaca a importância de ter profissionais qualificados e especializados no atendimento do parto natural. Além da enfermeira, Ledi também teve o acompanhamento de médicos.

– Quando tu buscas esse tipo de profissional, precisa confiar muito e eu sentia muita confiança na Joice e também fiz acompanhamento com dois médicos obstetras, um em Xanxerê e outra em Chapecó e deu tudo certo. Mesmo, um médico não sendo muito favorável ele me auxiliou. Vou te falar a verdade, não é qualquer médico que tem essa conduta do parto normal, ela exige um tempo muito maior, um conhecimento do corpo feminino e do processo além de um amor imenso pelo nascimento. É muito diferente de uma cesariana em que o procedimento pode ser agendado e realizado em uma hora. Então, eu tive sim o acompanhamento de dois profissionais que pensavam diferente, mas como estava com a ideia muito consolidada do que queria e que poderia realizar, não me deixei abater por outras opiniões – enfatiza.

 

 

O parto

A previsão era de que o parto aconteceria na segunda semana de janeiro deste ano. Mas, Pedro se antecipou e chegou alguns dias antes. Desde a semana 35 da gestação a equipe já estava em contato direto e nos  primeiros indícios de que entraria em trabalho de parto, Ledi acionou toda a sua equipe para então realizar o parto domiciliar como estava previsto.

– Nós tínhamos uma data prevista de parto que era de 8 a 13 de janeiro. Estávamos todos programados, já havia adquirido todos os materiais de uma lista disponibilizada pela parteira, organizado a casa, preparado até o que eu iria comer e beber. O Pedro foi mais que uma surpresa, ele veio antes. O trabalho de parto se iniciou na manhã do dia 31 de dezembro. Estava fazendo caminhada e aconteceu o rompimento parcial da bolsa. Monitorei pressão, ritmo cardíaco e estava tudo certo. Passei para a equipe a situação e identificamos que o parto estava começando. As contrações eram bem tranquilas e irregulares, bem fraquinhas, passamos o dia assim. Preparamos a ceia de réveillon e 2021 chegou,  passada meia-noite fomos descansar e acordamos na madrugada com contrações mais intensas. As enfermeiras se deslocaram para Xanxerê (pois são de Chapecó), nos organizamos e meu trabalho de parto já era efetivo – relembra.

O trabalho de parto pode ser considerado o momento mais árduo para uma mulher. Muito além de preparo físico, necessita de um controle emocional imenso. É neste momento que o acompanhante tem papel fundamental de apoio e força para que a mulher possa realizar o parto como havia planejado.

– Foi muito desafiador. Eu me preparei muito fisicamente, não gosto de usar a palavra difícil, mas é muito desafiador. Confesso que teve momento que eu pensei que não daria conta, que não ia conseguir e é nesse momento que as pessoas que estão ao nosso lado nos ajudam e são fundamentais, pois se a gente não seguir firmes, podemos acabar optando pela cesária e nesse momento meu marido, Jader, foi perfeito me incentivando e motivando. E assim o trabalho de parto foi evoluindo. Usei todos os cômodos da minha casa, havia planejado usar a banheira, mas não usei. Utilizei de terapias não medicamentosas para amenizar a dor. Não usei nenhum tipo de medicamento, somente massagens, bolsa de calor, óleos essenciais e isso tudo foi conduzindo o trabalho de parto. Começamos à 01h30 e o Pedro nasceu às 08h43min passamos uma virada praticamente em trabalho de parto. A minha filha, maravilhosa, estava conectada conosco. Ela viu alguns momentos, também preservamos alguns detalhes, porque ela tem apenas cinco anos. O Pedro veio ao mundo muito saudável. Um bebê muito esperto, ativo. Nasceu com 2.880kg e em seguida a minha filha veio, viu ele, abraçou e beijou. Ficamos pele a pele por uma hora, ele mamou, estava muito ativo. Ficou pele a pele com a minha filha e também com meu marido. Foram momentos maravilhosos. Contamos com o apoio de uma fotógrafa que registou o parto, foi lindo – finaliza.

 

 

Mensagem que Ledi deixa às mulheres

 

Ledileili aproveita para deixar uma mensagem às mulheres que querem ter filhos ou são gestantes e passarão pelo parto.

– Busquem informações. Uma mulher foi feita para parir! Se é um desejo dela vivenciar isso na sua íntegra, que ela busque informações e não se deixe corromper por um sistema de gerenciamento de parto, que ela seja protagonista desse momento. Existe o parto dos sonhos e o parto possível. Eu já tive os dois. Se existe uma real indicação de cesárea que ela venha para o bem, mas se informe, busque pessoas que te deem amparo. A mulher tem que se sentir muito confortável no lugar onde ela quer parir, se for no hospital, ótimo, vai lá, mas se ela pensa em fazer em casa que busque profissionais qualificados e planeje. Tenha ao seu lado pessoas que não te deixem cair em falas que induzam a dizer que você não é capaz. Eu acredito que isso repercuta em toda a vida de uma mulher. A gente renasce no parto junto com o bebê, sentimos que somos fortes e muito capazes. Não estou dizendo que quem teve parto de Cesária, não se sinta assim, pelo contrário, cada mulher tem que poder escolher como será seu parto de forma consciente. A mulher tem que ser protagonista do seu parto, isso a deixará mais feliz e empoderada, trazendo um maternar mais fácil e maravilhoso e muitos benefícios para ela e para o bebê. Informem- se – finaliza.

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