Mãe da pequena Isis, de um ano e seis meses, Joimara Dos Santos Camilotti, ainda está processando a notícia que recebeu no dia 13 de janeiro deste ano. Como toda a mãe, tem acompanhado o desenvolvimento da filha, como primeiras palavras e passos. No entanto, percebeu que algo poderia não estar certo. Achou que a […]
Mãe da pequena Isis, de um ano e seis meses, Joimara Dos Santos Camilotti, ainda está processando a notícia que recebeu no dia 13 de janeiro deste ano.
Como toda a mãe, tem acompanhado o desenvolvimento da filha, como primeiras palavras e passos. No entanto, percebeu que algo poderia não estar certo. Achou que a filha estava demorando mais que o necessário para iniciar este processo, mas o que ouvia é que “cada criança tem o seu tempo” e que “não deveria se preocupar”.
No entanto, a sua intuição de mãe estava certa e a Isis tem sequelas de um AVC intrauterino que aconteceu ainda durante a gestação de Joimara.
– Nós só descobrimos com um ano e cinco meses. Mas, com cinco meses quando ela começou a pegar alguns brinquedos ela usava mais o lado esquerdo, demonstrou essa preferência, mas nós pensamos que ela seria canhota, mesmo ela não usando quase a mão direita pensamos que era uma preferência e não fraqueza. Até questionamos o pediatra e ele comentou que era normal para a idade. O tempo foi passando e ela cada vez com a preferência maior. Quando ela fez um ano, que começou a querer levantar para caminhar, percebemos que a mãozinha continuava fechada e ela arrastava a perninha. Fomos ao médico questionar somente isso. Ele nos orientou a procurar um neurologista. No especialista o médico já deu o diagnóstico de hemiparesia do lado direita e indicou nós a uma ressonância de crânio com sedação. Já foi um susto. Procuramos na internet e dizia que era uma forma de paralisia. Fizemos a ressonância com muito receio, preocupação. Fizemos o exame e depois veio o diagnóstico: uma mancha enorme na cabeça dela. Eles chamam de uma sequela de um AVC que aconteceu ainda no útero – conta Joimara.
Durante a gravidez
Mãe de segunda viagem, Joimara comenta que a gravidez foi tranquila. Teve um pouco de pressão alta nas últimas semanas, mas nada de grave. O parto também foi nos conformes e nada indicava algum problema.
– Foi a segunda gravidez, eu estava mais tranquila. Minha preocupação era a pressão alta. Eu tive pré-eclâmpsia na primeira gestação, já entramos com medicação para controlar, mas no fim da gestação a pressão subiu. Tivemos uma gripe forte e tudo complicou, mas nada que ocasione um AVC. Estourou a bolsa, eu fiz a cessaria, ela nasceu bem, era tudo normal. Só fomos perceber quando ela ficou maior mesmo – relembra.

Avó usa as linhas de crochê para estimular Isis a usar as duas mãozinhas
Prognóstico da Isis
Com o resultado em mãos da ressonância, os pais foram em busca de mais informações. Receber a notícia de que a filha, tão pequena já tinha passado uma situação tão delicada, os deixou estarrecidos.
– Na verdade, a gente demorou muito para ir atrás, achando que era algo normal. Quando o médico disse que era um AVC, nos caiu o mundo, na hora me senti culpada, pensei que poderia ser a minha pressão, mas os médicos dizem que não. Até pesquisei e 25% dos casos de AVC intrauterino não se sabe a causa, já encontrei mãe aqui de Xanxerê que fez todo tipo de exame e não encontrou a causa. Nós vamos verificar sim, o pediatra quer fazer todo e qualquer tipo de exame para a gente ver. Não sabemos se pode dar novamente. A sequela dela ficou motora, afetou o lado esquerdo, além da fala. Essa parte ainda não sabemos. Estamos indo na fala para ter uma avaliação exata. O tamanho da lesão é enorme. A minha filha se virou muito sozinha, ela se reabilitou, sobraram poucas sequelas, graças a Deus. Estamos correndo atrás de tudo, de fonoaudióloga e fisioterapia – detalha.
Como serão os próximos anos da Isis ainda é incerto. Os pais tem se dedicado em busca de atividades e profissionais que possam ajuda-la. Joimara, inclusive, comenta o quanto o assunto gera dúvidas. Ela tem postado nas próprias redes sociais sobre a doença e muitas mães tem a procurado para sanar dúvidas.
– O prognostico daqui pra frente é tudo incerto. Os médicos e profissionais não sabem nos afirmar muita coisa. AVC geralmente é de pessoa mais velha, com comorbidades, a gente não ouve falar de criança e por isso dá importância em alertar. Os pais precisam ficar atentos, procurar ajuda, duvidar quando alguém fala que é normal a criança demorar para se desenvolver. Depois que eu fiz as postagens, várias mães me chamaram. Tem muita mãe com muita dúvida – conclui.

Ressonância mostra o tamanho da lesão no cérebro
O que é AVC Intrauterino
O Lance Notícias contatou a Dra. Gabriela Pretto Bucior que comenta que o acidente vascular cerebral (AVC) perinatal é um evento cerebrovascular que ocorre entre 20 semanas de vida intrauterina e 28 dias após o nascimento. É uma causa comum de alteração do desenvolvimento neurológico da criança, sendo investigada quando há fatores de risco ou a presença de sinais e sintomas.
Vários fatores de risco estão associados ao AVC perinatal, como distúrbios maternos (infertilidade, pré-eclâmpsia, infecções, vasculopatias placentárias e abuso de cocaína), condições fetais (restrição do crescimento, asfixia intrauterina, doenças cardíacas, infecções, anomalias vasculares congênitas, desidratação e parto traumático) e trombofilia.
São classificados em acidente arterial isquêmico, hemorrágico e trombose dos seios venosos.
Entre as sequelas mais comuns, estão alterações motoras, epilepsia (convulsões), distúrbios cognitivos e alterações comportamentais.
O método de escolha para detectar o AVC precocemente é a ressonância magnética. Com a melhora dos métodos de neuroimagem, a incidência desta comorbidade tem aumentado, sendo aproximadamente 1/4000 nascidos-vivos.