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Camila Diel | 14/12/2023 15:28

14/12/2023 15:28

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Ciclismo muda vida de moradora de Xanxerê após diagnóstico de doença inflamatória grave

Em Xanxerê, a história de superação de Alexandra Gesser, diagnosticada com espondilite anquilosante, uma doença inflamatória das articulações, ressalta o poder transformador do ciclismo. Hoje, ela não só superou os desafios impostos pela condição, mas também lidera a ACEMAX Elas na Magrela, uma associação de mulheres ciclistas dedicada a promover o esporte, a saúde e […]

Em Xanxerê, a história de superação de Alexandra Gesser, diagnosticada com espondilite anquilosante, uma doença inflamatória das articulações, ressalta o poder transformador do ciclismo. Hoje, ela não só superou os desafios impostos pela condição, mas também lidera a ACEMAX Elas na Magrela, uma associação de mulheres ciclistas dedicada a promover o esporte, a saúde e o bem-estar social. Através do ciclismo, Alexandra alcançou marcos pessoais impressionantes, como percorrer quase 200 km de bicicleta, e conduz projetos para fortalecer a prática do ciclismo na comunidade.

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A história de superação de Alexandra começou de uma maneira inusitada: sob a “livre espontânea pressão” do marido, um ex-fumante que trocou o cigarro pela bicicleta. Ele começou a pedalar como uma forma de cuidar da saúde, deixando para trás 22 anos de vício em tabaco. Inicialmente, Alexandra relutava em se juntar a ele, cuidando de suas duas crianças pequenas e enfrentando os desafios da vida cotidiana.

Alexandra recorda que sempre foi ativa na infância, mas com o tempo e as responsabilidades, especialmente após começar a trabalhar em uma granja e cuidar de seus filhos, ela se tornou mais sedentária. Esse estilo de vida levou a um ganho de peso significativo, chegando perto dos 100 kg. Foi um ponto de virada para ela, quando seu marido a presenteou com uma bicicleta, incentivando-a a iniciar sua própria jornada no ciclismo.

A motivação de Alexandra para adotar um estilo de vida mais ativo foi amplificada por sua saúde. Diagnosticada com febre reumática aos quatro anos, ela desenvolveu problemas cardíacos e reumatismo. Mais tarde, foi diagnosticada com espondilite anquilosante, uma inflamação que afeta os tecidos conjuntivos e articulações. Ela descobriu que a atividade física era essencial não apenas para seu bem-estar físico, mas também para gerenciar a dor e os sintomas de sua condição.

Com determinação, Alexandra começou a pedalar distâncias curtas, gradualmente aumentando a quilometragem. Ela estabeleceu metas pessoais, como subir a Serra do Rio do Rastro e completar percursos de 100 km. Ano após ano, ela superou suas próprias expectativas, realizando a volta de Madre Paulina, um trajeto desafiador de 181 km.

O amor de Alexandra pelo ciclismo contagiou sua família. Seu filho também começou a praticar o esporte. Em meio a essa jornada pessoal, uma colega de Xanxerê iniciou um grupo de WhatsApp para mulheres ciclistas, que mais tarde se transformou na associação ACEMAX Elas na Magrela.

Espondilite anquilosante e a importância do exercício físico

Diagnosticada com espondilite anquilosante, que causa inflamação em várias articulações, Alexandra encontrou no ciclismo um alívio para suas dores. A atividade física tornou-se um complemento vital ao seu tratamento medicamentoso, ajudando a controlar os sintomas da doença.

A espondilite anquilosante (EA), uma condição inflamatória crônica ainda pouco conhecida, afeta os tecidos conjuntivos causando dor nas articulações da coluna vertebral, quadris, ombros e outras regiões. O Dr. Valderílio Azevedo, especialista em reumatologia na Universidade Federal do Paraná, descreve a EA como uma doença caracterizada por “uma dor lombar inflamatória que se diferencia de outras dores lombares, como a hérnia de disco e a artrose, por melhorar com o exercício e piorar com o repouso”.

Sem tratamento adequado, a EA pode progredir e causar complicações graves, como uveíte e colite ulcerativa. O tratamento da EA evoluiu significativamente, e segundo Azevedo, “em 95% dos casos, é possível controlar a dor, com alguns pacientes alcançando até a remissão clínica.” Para gerenciar a dor e prevenir a progressão da doença, os pacientes são encorajados a manter uma rotina de exercícios físicos e a utilizar medicamentos anti-TNF, agentes biológicos que interrompem a evolução da EA, melhorando substancialmente a qualidade de vida.

ACEMAX – Elas na Magrela

No meio dessa jornada, Alexandra se envolveu com um grupo de WhatsApp de mulheres ciclistas de Xanxerê, que mais tarde se transformou na associação ACEMAX Elas na Magrela. Fundada em 2019, com Alexandra atualmente na presidência, a associação se tornou uma entidade sem fins lucrativos focada no ciclismo recreativo e na superação pessoal, promovendo o esporte e se destacando como um exemplo de como o esporte pode ser integrado na vida comunitária para benefícios mútuos.

 

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