A estiagem no Oeste de SC preocupa os produtores de soja, com déficit hídrico afetando o desenvolvimento. O milho, em estágio avançado, apresenta boa produtividade
Meteorologistas da Epagri/Ciram e da Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil (SDC) emitiram uma nota conjunta com atualizações sobre a probabilidade de ocorrência do fenômeno climático La Niña. Caracterizado pelo resfriamento das águas na região equatorial do Oceano Pacífico, o La Niña pode causar impactos na atmosfera e afetar o regime de chuvas, sobretudo no Grande Oeste catarinense. De acordo com a nota, o fenômeno deve ter intensidade fraca e duração curta, mas ainda assim, é esperado que influencie o clima durante o verão e o início do outono.
O documento destaca que o La Niña pode provocar chuvas irregulares e acumulados abaixo da média, afetando especialmente a agricultura. “Embora os impactos tradicionais do La Niña sejam menos prováveis, ainda são esperadas influências nas condições climáticas nos próximos meses”, alertam os meteorologistas.
Safrinha em xeque, ou quase
A estiagem leve que atinge o Oeste de Santa Catarina desde dezembro já preocupa os agricultores, em especial os produtores de soja de segunda safra. Segundo Haroldo Tavares Elias, analista de socioeconomia da Epagri/Cepa, as lavouras enfrentam déficit hídrico, o que pode prejudicar o desenvolvimento das plantações. “Ainda estamos dentro da janela ideal de semeadura, mas atrasos por falta de chuva podem reduzir o potencial produtivo da cultura”, explica.
O analista recomenda que os produtores acompanhem de perto as previsões climáticas para planejar a continuidade do plantio e evitar maiores prejuízos. A umidade do solo é determinante para a semeadura da soja, e a probabilidade de chuvas nos próximos 15 dias será crucial para definir os rumos da safra.
Já o milho, que está em estágio avançado de desenvolvimento, sofreu menos com a estiagem. “As primeiras colheitas indicam produtividade satisfatória e uma produção dentro da normalidade”, afirma Haroldo.
Mas por que isso acontece? O resfriamento na região equatorial do Oceano Pacífico foi observado desde julho de 2024, com intensificação em dezembro. Dados da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA) indicam que as temperaturas chegaram a 0,7°C abaixo da média, atingindo o limiar para a configuração do La Niña. Contudo, os modelos climáticos divergem quanto à permanência desse resfriamento até abril, período em que o fenômeno tende a dissipar-se.
De acordo com o Índice Integrado de Secas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres (Cemaden), as regiões do Oeste e Planalto Sul registraram secas fracas a moderadas em dezembro. O cenário é reflexo de precipitações irregulares ao longo do segundo semestre de 2024, com períodos de chuva abaixo da média histórica.
Os especialistas recomendam monitoramento constante e planejamento para mitigar os efeitos das condições climáticas atípicas. O comportamento das chuvas nos próximos meses será determinante tanto para a agricultura quanto para a gestão hídrica nas regiões afetadas.