Originada no século XVII, em pleno período escravista, a capoeira desenvolveu-se como forma de sociabilidade e solidariedade entre os africanos escravizados, estratégia para lidarem com o controle e a violência. Hoje, é um dos maiores símbolos da identidade brasileira e está presente em todo território nacional, além de praticada em mais de 160 países, e […]
Originada no século XVII, em pleno período escravista, a capoeira desenvolveu-se como forma de sociabilidade e solidariedade entre os africanos escravizados, estratégia para lidarem com o controle e a violência. Hoje, é um dos maiores símbolos da identidade brasileira e está presente em todo território nacional, além de praticada em mais de 160 países, e em todos os continentes. A Roda de Capoeira e o Ofício dos Mestres de Capoeira foram reconhecidos como Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Iphan em 2008, estão inscritos no Livro de Registro das Formas de Expressão e no Livro de Registro dos Saberes, respectivamente. A UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) declarou a roda de capoeira como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. A escolha foi feita durante a 9ª Sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial, em Paris, no dia 26/11/14.
A capoeira, uma das mais autênticas expressões culturais do Brasil, é muito mais do que uma dança ou luta. É uma verdadeira manifestação de resistência, liberdade, e identidade. E para homenagear essa arte singular e os praticantes que a perpetuam, foi instituído o “Dia do Capoeirista”, uma data especial para celebrar e valorizar essa rica herança cultural.
E para este dia tão especial, representando todos os capoeiristas de Xanxerê e região, o Grupo Lance Notícias entrevistou Adriano Vittorazzi, conhecido no meio artístico como Contramestre Falamansa.
Adriano possui ampla bagagem cultural, premiado e reconhecido nacionalmente pelo trabalho desenvolvido no Oeste Catarinense. Em 2018 recebeu o Prêmio de Cultura Popular / Edição Selma do Coco, pontuando nota 98, a segunda melhor nota nacional da categoria mestres. Em 2020 recebeu o Prêmio de Reconhecimento por Trajetória Cultural Aldir Blanc SC. Recebendo ainda, Menção Honrosa na Assembleia Legislativa de Santa Catarina pelos 18 anos de atuação frente ao Centro Cultural e Artístico Resistencia Popular/CCARP. Em 2021 foi reconhecido pela Câmara de Vereadores de Xanxerê como Mestre dos Saberes e Fazeres da Cultura Popular (Afro-Brasileira).
É um artista independente, idealizador e produtor de vários eventos culturais, formado em história e finalizando Licenciatura em Educação Física, um curioso/aprendiz da arte/luta Capoeira, envolvido de forma informal desde os 13 anos nos movimentos sociais e culturais. Passando a atuar profissionalmente como agente multiplicador, zelador, historiador e produtor cultural em 1998, é idealizador e fundador do Centro Cultural e Artístico Resistência Popular, Líder e fundador da Escola de Angoleiros Nativos do Oeste, Proprietário da Empresa Porongos Produção Artística e Cultural Ltda e da Escola de Formação de Agentes e Produtores Culturais. Sempre esteve à frente dos movimentos culturais no Oeste Catarinense, articulando, fomentando, desenvolvendo e por inúmeras vezes financiando ações de preservação, resgate e divulgação da Cultura Popular e Afro-Brasileira.
Foi membro da Comissão que elaborou e criou o Conselho Municipal de Cultura de Xanxerê, atuando como Conselheiro e posteriormente assumindo a Presidência do mesmo. Foi ainda, Conselheiro de Cultura em Faxinal dos Guedes e Articulador Catarinense da Rede de Cultura Popular no Oeste Catarinense. Sendo reconhecido Estágiario/Treinel em 2005, recebendo o Diploma de Professor em 2011 e o Título de Contramestre de Capoeira Angola em 2016. É pioneiro no ensino da Capoeira Angola no Oeste Catarinense e o único Contramestre Angoleiro a atuar no Oeste Catarinense, sendo ainda o mais velho em atividade continua, completando esse ano 25 anos ininterruptos de docência.
Foi Conselheiro tutelar eleito por dois mandatos seguidos na cidade de Faxinal dos Guedes, sendo reconhecido Conselheiro Destaque em 2008 pelos serviços prestados à comunidade, possui mais de mil horas em cursos de especialização e capacitação nas áreas de atuação.
Com significante experiência no teatro, contribuiu e participou de diversas peças teatrais, atuando em diferentes grupos na região, com destaque no Festival Catarinense de Teatro em 2012. Trabalha ainda, com artesanatos diversos e na fabricação de instrumentos, principalmente a fabricação de berimbaus, portador da Carteira Nacional do Artesão, tendo material comercializado no Brasil e no exterior.
Atualmente atende nos Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos/SCFV nos municípios de Xanxerê e Abelardo Luz, além de atuar ainda no Serviço de Assistência Social e na APAE de Coronel Domingos Soares no Paraná, atua diretamente no ensino particular da escola nos núcleos de Xanxerê, Xaxim e Chapecó, coordena ainda diversos outros núcleos de ensino no Oeste e Meio Oeste Catarinense, além de fazer um trabalho de ocupação cultural e artística nas Praças e Espaços Públicos pelo Brasil.
Possui um vasto currículo na captação de recursos de editais federais, estaduais e municipais, tendo aprovado mais de 12 projetos pessoais e contribuindo em mais de 30 projetos de outras institucionais contempladas.
— Meu objetivo é apresentar, divulgar, implantar, ensinar e dar visibilidade as manifestações da Cultura Popular e Afro-Brasileira em regiões menos adeptas ao movimento cultural. promover e oportunizar o acesso a diversidade cultural existente, rompendo com a alienação cultural, política, religiosa que busca aniquilar uma cultura para impor outra que elitiza e oprime — comenta
Neste Dia do Capoeirista, é preciso reconhecer e enaltecer a dedicação e o esforço dos mestres e praticantes que preservam essa tradição, mantendo viva a essência da capoeira. A data também nos convida a refletir sobre a importância de valorizar nossa rica diversidade cultural, respeitando e promovendo as manifestações que enriquecem nossa identidade como povo.
Que o Dia do Capoeirista seja um momento de celebração, respeito e reconhecimento, fortalecendo os laços que unem essa comunidade de guerreiros, capazes de transformar a vida de tantos através da arte e da cultura. Axé aos capoeiristas e à capoeira, símbolo vivo da nossa história e alma brasileira.