Uma fotografia preservada pela comunidade de Xanxerê mostra fiéis ajoelhados em plena terra batida, diante da Eucaristia, durante uma missa celebrada ao lado das paredes ainda em construção da Igreja Matriz Senhor Bom Jesus. O registro, feito em um período de intensa mobilização paroquial, captura um ato público de fé que uniu homens, mulheres e crianças em silêncio reverente — um episódio que ajuda a explicar a força da tradição católica no município.

Na cena, o altar improvisado e a obra em andamento formam o pano de fundo de uma celebração que ultrapassou a rotina litúrgica e se transformou em símbolo de pertencimento. Para os católicos, a adoração ao Santíssimo Sacramento expressa a crença na presença real de Cristo na Eucaristia, convicção amparada por passagens bíblicas como as narradas nos Evangelhos de Mateus (26, 26–28) e João (6, 55–56).

Mais do que um registro devocional, a foto revela elementos de organização social e de memória coletiva: a participação maciça de famílias, a centralidade da igreja como espaço estruturante da vida comunitária e a disposição dos fiéis em transformar o canteiro de obras em lugar de oração. A imagem também remete ao papel das frentes de trabalho e campanhas comunitárias que, historicamente, viabilizaram templos, salões e serviços nas cidades do interior.

Para lideranças locais, o valor do registro está na capacidade de sintetizar um tempo em que a prática de fé caminhava lado a lado com a construção material da cidade. Ao mesmo tempo, o episódio é frequentemente lembrado como inspiração para gerações atuais, apontando para a continuidade de tradições, festas religiosas e ações solidárias que seguem mobilizando moradores.

A fotografia, enfim, funciona como documento e testemunho: evidencia um momento em que a devoção tomou as ruas, uniu a comunidade e deixou marcas no patrimônio e na memória de Xanxerê — um povo que, de joelhos diante do altar, ajudou a erguer em pé a sua história.