Aos 17 anos, Cristian Ferreira de Lima Junior divide sua rotina entre o trabalho em um mercado pela manhã e o intenso treinamento de Wing Chun, uma arte marcial chinesa reconhecida por sua eficiência e filosofia de combate. Mais do que uma prática esportiva, a modalidade se tornou para ele um caminho de superação pessoal e disciplina.

Desde a infância, Cristian sempre teve interesse por artes marciais. Experimentou diversas modalidades, mas foi no Wing Chun que encontrou sua verdadeira paixão. “No começo, eu não conhecia bem o estilo, mas quando me foi apresentado, já sabia que era para mim”, conta. O que mais o atraiu foi a simplicidade e a efetividade da arte, que combina força e técnica de maneira equilibrada.

O aprendizado do Wing Chun não é simples. Exige dedicação, resistência e disciplina. Para Cristian, cada treino é uma oportunidade de evolução, tanto física quanto mental. “O treinamento é rígido e difícil, mas quanto mais me dedico, mais entendo que é a melhor arte marcial que já fiz. Ela melhora o praticante não apenas fisicamente, mas também mentalmente, preparando para os desafios do dia a dia”, afirma.

Apesar de nunca ter precisado usar o Wing Chun em uma luta real, Cristian destaca que a filosofia da arte marcial está presente em todas as suas ações. “O método de pensamento e a disciplina são aplicáveis em tudo o que faço”, diz. Seu objetivo é claro: se tornar um mestre e honrar seu instrutor, Sifu Lucas Maciel.

Sifu Lucas Maciel é o único mestre de Wing Chun da região e recebeu os ensinamentos da arte diretamente de seu falecido pai. Exigente na escolha de seus alunos, ele viu em Cristian um talento diferenciado. “Ele me procurou para aprender defesa pessoal, e ao longo do tempo provou que estava disposto a ir além. Ele treina com disciplina e conseguiu fortalecer corpo, mente e espírito”, explica.

Segundo o mestre, a trajetória de Cristian é um exemplo de superação. “Ele sofria bullying, e hoje, com a confiança adquirida através do Wing Chun, superou tudo isso. Em apenas um ano de treino, ele alcançou o nível intermediário, conhecido como ‘Chum Kiu’, que significa ‘Ponte Curta’. Esse estágio representa o momento em que o praticante aprende as bases reais do combate”, destaca.

A relação entre os dois ultrapassa a tradicional hierarquia de mestre e discípulo. “Hoje, vejo ele mais como um filho. Aprendo muito com ele também. É um jovem muito maduro para a idade, e tenho certeza de que será meu sucessor no futuro”, afirma Sifu Lucas.

Para Cristian, cada treino é um passo em direção ao seu objetivo. Com foco e determinação, ele segue sua jornada no Wing Chun, uma arte marcial que, para ele, vai muito além da luta: é um caminho de crescimento e autoconhecimento.