Educação

Éricka Veloso Dos Santos | 09/05/2024 09:42

09/05/2024 09:42

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Trabalhadores da educação de Santa Catarina decidem suspender greve por 60 dias

Os trabalhadores da educação de Santa Catarina optaram por uma medida significativa: suspender a greve dos professores estaduais por 60 dias.

Em uma assembleia extraordinária realizada nesta quarta-feira (08/05), os trabalhadores da educação de Santa Catarina tomaram uma decisão importante: suspender a greve dos professores estaduais por um período de 60 dias para negociar com o Governo do Estado a descompactação da tabela. A determinação ocorreu no 15º dia de paralisação, logo após a primeira oferta do governo à categoria e a concessão de uma liminar pelo juiz de segundo grau Alexandre Morais da Rosa, que proibiu o corte de ponto dos profissionais e a demissão de temporários que aderissem ao movimento.

O encontro, realizado na Praça Tancredo Neves, no coração de Florianópolis, refletiu a voz da maioria dos professores, que optaram por manter a mobilização, mas suspender a paralisação por um período determinado. Mesmo diante dessa decisão, na terça-feira, poucas horas antes da liminar ser emitida pelo Tribunal de Justiça, o governo apresentou pontos para negociação. Contudo, o SINTE-SC, em comunicado oficial, considerou que houve poucos avanços na proposta apresentada. As propostas são:

  1. Descompactação da Tabela Salarial: continuidade dos estudos de impacto por grupos técnicos da SED, SEA e SEF;
  2. Concurso público 2024: lançamento do edital em junho/24 com as chamadas a partir de 2025;
  3. Hora-atividade: aplicação de 1/3 de HA para os anos iniciais a partir de 2025;
  4. Alíquota de 14% de desconto de aposentos (as) e pensionistas: já reavaliada e implantada pela LC n° 848/23;
  5. Auxílio alimentação: antecipação do valor de R$ 25/dia já em novembro de 2024; 

Conforme O Professor Mario Harres, Coordenador do SINTE Regional Xanxerê: “Entendemos que o momento é destensionar a corda e mostrar para a sociedade que o sindicato e o magistério catarinense querem negociar e receber uma proposta salarial que seja justa e compatível com a média salarial do país. Santa Catarina é o 7º estado em arrecadação da União, recursos têm. Só falta vontade política para negociar.”

Desse modo, como foi deliberado pela maioria dos presentes na assembleia de hoje, a greve será retomada caso a categoria entenda que suas demandas não foram atendidas. 

Por sua vez, sobre o movimento a Professora Kátia Collelo, Diretora de Organização do SINTE Regional Xanxerê, ressaltou a importância do movimento grevista e da união da categoria e avalia que: “estes 15 dias de greve foram uma vitória para nós. É essencial mantermos o otimismo e a força da luta. A união demonstrada durante este período foi fundamental mexer com a sociedade e retomar o debate acerca da valorização do professor e da professora e reforça a importância da nossa mobilização contínua.”

A greve ganhou destaque a partir do sexto dia, quando o governador Jorginho Mello (PL) divulgou um vídeo em suas redes sociais, afirmando que a principal reivindicação dos professores, a descompactação do plano de carreira, acarretaria um custo de R$ 4,6 bilhões ao Estado. No mesmo vídeo, ele ameaçou descontar os dias parados dos professores efetivos e demitir os temporários que aderissem à greve.

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Em resposta a essas declarações, o SINTE-SC organizou uma manifestação em frente ao Centro Administrativo. Nas redes sociais, o sindicato e os profissionais compartilharam relatos de demissões e ameaças aos grevistas. A decisão do Juiz de 2º Grau do TJSC Alexandre Morais da Rosa determinou a reintegração dos demitidos, tal decisão apesar de seu caráter liminar é importante porque reforça o direito constitucional à greve, garante que os (as) trabalhadores (as) em greve não sejam demitidos e não tenham desconto salarial, uma vez que a greve é legal.

A decisão de suspender a greve por 60 dias é um gesto de confiança da categoria, que espera que o governo apresente propostas concretas que valorizem os profissionais que dedicam suas vidas à educação. A retomada da greve após esse período está condicionada à avaliação das respostas e ações do governo frente às demandas dos trabalhadores da educação de Santa Catarina.

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